Vozes de Ébano une todas as raças para fortalecer mensagem sobre o empoderamento negro no show Minha Voz é Resistência
As canções e as poesias apresentadas focaram manifestações de identidade, orgulho e luta, trazendo à tona a riqueza e a diversidade da cultura negra.
Com casa cheia e ingressos esgotados nos dois dias de show, sexta e sábado, 16 e 17, o grupo Vozes de Ébano subiu ao palco do Teatro Sesc Palmas para apresentar o show “Minha Voz é Resistência”. As canções e as poesias apresentadas focaram manifestações de identidade, orgulho e luta, trazendo à tona a riqueza e a diversidade da cultura negra.
No palco, o protagonismo de três cantoras negras – Cinthia Abreu, Fran Santos e Malusa- acompanhadas de um time potente de instrumentistas. Nos bastidores, cerca de 50 pessoas que movimentaram a recepção, produção, coxias e organização do público. A plateia diversa formada por coletivos de pessoas negras, artistas, pessoas com deficiência e público em geral, de todas as raças, cores e credos.
Para a equipe, o projeto foi muito mais do que uma apresentação musical, sendo um grito de empoderamento, um manifesto contra o racismo e uma celebração da cultura negra. “Cada nota, cada verso cantado foi um ato de resistência, trazendo a realização de um sonho como resultado”, declarou emocionada uma das vocalistas e produtora do grupo, Fran Santos, responsável pelo projeto. A cantora e produtora Cinthia Abreu afirmou que a estreia do Vozes de Ébano superou todas as expectativas. “Foi uma ideia que nasceu dos nossos corações e tomou uma proporção que nem a gente imaginava. E mais do que um espetáculo, acredito que o nosso objetivo principal, que foi o de inspirar e motivar outras mulheres negras a se valorizarem, foi atingido”, expressou.
Além de vocalista do Grupo, a cantora Malusa também foi uma das homenageadas, com canção de seu repertório em meio a outras referências da cultura negra como Elza Soares, Alcione, Dona Ivone Lara, Sandra de Sá, Mart’nália, Iza, Liniker, Margareth Menezes e Fat Family. “A arte é nossa forma de resistir, de existir e de insistir em um mundo mais justo. O show foi a culminância de um momento de êxtase que ainda não encerrou no meu coração, um misto de alegria, emoção e celebração que ainda vai ecoar por muito tempo”, ressaltou.
O diretor-geral, Mello Júnior, destacou a importância do projeto tratar sobre o empoderamento negro, mas ser uma bandeira de todas as raças. “É um espetáculo para todos, indistintamente; para quem tem sensibilidade e respeito às diferenças e para quem tem o coração antirracista”, apontou ele.
Público
O público, em uníssono, respondeu com aplausos calorosos, refletindo o impacto de uma mensagem que vai além da arte e toca diretamente nas feridas sociais. “Este show é sobre nós, sobre a nossa história, e sobre como resistimos todos os dias. Saio daqui inspirada e fortalecida,” comentou Ana Lagares, mulher negra e servidora pública.
Uma mensagem além do entretenimento. “Um show muito forte, que acabou inspirando a gente a pensar sobre racismo e se fortalecer a lutar e não aceitar a invisibilidade e preconceito, pois só quem tem a pele preta sabe a importância dessa representatividade”, relatou o jornalista Matheus Mourão.
Acessibilidade
O projeto ainda focou no fortalecimento de minorias, com cotas gratuitas de cortesias para quilombolas, coletivos de empoderamento negro e pessoas com deficiência. O jovem William Ferreira de Souza é cego e disse estar emocionado com a produção. “Eu me senti muito acolhido desde a chegada no espetáculo até toda a realização do show. As meninas cantaram e a voz e a mensagem chegou arrepiante no meu coração”, complementou.
A equipe foi formada por cerca de 50 pessoas, sendo 90% mulheres e 80% de pessoas negras, bem como LGBTQIA+, com deficiência, moradoras de comunidades de periferia e de coletivos de representação e empoderamento negro. “Foi especial demais poder fazer parte desse projeto tão lindo e somar com a iniciativa enquanto equipe. Saí dessa experiência muito mais motivada a acreditar ainda mais no meu potencial e feliz de poder prestigiar a cultura”, disse a jornalista Wanda Citó, mulher trans, que atuou como assistente de produção.
O projeto
O show “Minha Voz é Resistência” integra o projeto “Vozes de Ébano”, proposto pela produtora cultural e cantora Fran Santos. A iniciativa foi contemplada por editais da Lei Paulo Gustavo (LPG), da Fundação Cultural de Palmas e Secretaria Estadual da Cultura.